segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Foi por pouco

Sinceramente eu não achei que um dia voltaria a escrever no blog. Nossa última atualização foi em 14 de dezembro de 2012! Quase dois anos sem nada de novo por aqui. Pensava em retomar, comentar algo que vi ou li, mas logo o desânimo batia e eu desistia. Com o tempo eu fui me dando conta que a única coisa que se mantinha vivo em mim era justamente o maldito desânimo. Não apenas com o blog. Mas com meu desenho. Foi por pouco que eu não joguei a toalha.

Não sei se vocês já se sentiram assim, desanimados, sem perspectiva em relação a algo. Aquilo é importante para você, mas a falta de motivação te aleija de uma forma que é complicado continuar. Pensei muito nos motivos que me levaram a tamanho desânimo e acho que ainda não cheguei a uma conclusão concreta.

Poderia ser a frustração de como arte é tratada no Brasil? Quantos de nós, desenhistas e ilustradores, já nos deparamos com um muro diante dos olhos. De um lado a falta de incentivo, o mercado mambembe, a matilha de críticos, a falta de apoio. Do outro a vida que cobra sua parte, a faculdade, o trabalho, a família, os problemas. Infelizmente são poucos os casos de profissionais brasileiros de quadrinhos que vivem de sua arte. Então temos que colocar na balança o que o desenho representa para nós e se é possível continuar equilibrando pratos dia após dia.

Desde que comecei a desenhar, nunca tive dúvidas. Não que eu fosse cheia de certezas quanto ao meu “talento” ou quanto a resultados financeiros, mas eu nunca hesitei. Nunca pensei em desistir. Por mais difícil que fosse, por mais penoso, por mais cansativo, sempre havia algo dentro de mim que me empurrava, me colocava diante de um papel em branco. Mas recentemente eu senti essa força fraquejando em mim. E por mais que isso me doesse, não conseguia ir adiante. Comecei a me dedicar aos estudos para prestar concursos, comecei a me dedicar mais ao design, a trabalhar com imagens e fotos, a explorar outras coisas. Passei muito mais tempo com minha outra paixão (os filmes de bollywood) que me fazia esquecer uma boa fatia de meus problemas profissionais e pessoais e simplesmente deixava o barco correr.

Não sei exatamente quando ou como foi ou se teve algum momento em particular que algo em mim mudou novamente. Mas aconteceu. Acho que me dei conta que antes de tudo amo contar histórias. E a forma que encontrei de realiza-las foi com o mangá. Conjugar desenho e história de um jeito especial pelo qual sou apaixonada. Comecei a perceber que me sentia doente sem meu desenho, sem colocar tudo na folha, sem usar as retículas, sem colocar as falas nos balões. Eu estava cansada, frustrada, não enxergando luz no fim do túnel, com todos os motivos para desistir, mas simplesmente não conseguia. Não consigo. Então só havia duas opções diante de mim: desapegar ou continuar. E escolhi continuar.

Quem é meu amigo deve saber quem é Shahrukh Khan, mas quem não conhece, ele é um ator indiano, chamado "rei de bollywood" e uma das pessoas mais bem sucedidas que você poderia imaginar. Ele é uma aberração, pois em situação normal jamais faria sucesso no cinema da Índia. Perguntaram para ele qual o segredo do sucesso. Imagino que ele deve ter respondido essa pergunta centenas de vezes, mas a resposta que eu li, que caiu no meu colo, foi: “Deixar de fora o negativo; não competir, mas participar e rezar também.”

Ser otimista e confiante é o desafio da minha vida. E “não competir, mas participar” parece algo tão absurdo nesse mundo competitivo, de tão poucas oportunidades, mas interpretei como: fazer algo para acrescentar e não esperando que o universo te dê alguma coisa em troca. Mas a arte não é isso? Dar a sua contribuição? Eu percebi que desenhar minha história é contribuir, participar, acrescentar ao processo. Boa ou ruim, divertida ou sem graça, ela é a minha parte, minha contribuição, minha participação. E sem esperar nada em troca. Fazer, talvez pela primeira vez em minha vida, algo por mim mesma. Acho que tudo fez tanto sentido para mim que de alguma forma Shanrukh Khan entrou na minha vida para me deixar esse ensinamento.


Resumindo tudo isso, quero dizer que não pretendo deixar a peteca cair. Não quis dizer ali em cima que artistas devem trabalhar de graça, nada disso, por favor. Estou falando de algo mais profundo, de alguém que está reencontrando uma motivação, uma força de continuar que pensou estar perdida. Eu não sou a melhor desenhista, nem tenho os melhores contatos, nem a melhor saúde do mundo, mas eu tenho muito, muito amor pelo que faço. E nada, nada neste mundo paga a satisfação de ver uma página prontinha, com retículas e balões, tudo feito por mim. E enquanto esse sentimento for maior que tudo, não pretendo desistir.  

4 comentários:

Anônimo disse...

Às vezes, o seu pior inimigo é você mesmo.
Desistindo ou não, a escolha é sua, Tabby. Ninguém tem o direito de te julgar.

Rodjimi disse...

Que satisfação ver essa nova postagem no blog! Vou ser sempre seu maior fã.

Anônimo disse...

TABBY! Como diria nossa queria Sakura, Não se preocupe, "vai da tudo certo"! Não desista nunca, tire férias sempre que preciso, recupere energias e tenha novas ideias para voltar com tudo! *-*
Ganbatte ne~
aiko19th (lembra de mim no DeviantArt ?? ;D)

Tabby Kink disse...

Muito obrigada pelos comentários pessoal. Agradeço de coração a força!
Claro que me lembro de você aiko 19th! Eu andava tão sumida da DA também... Obrigada pela força!